O objetivo de trazer as aves é
fazer com que elas se reproduzam e, com isso, promover o aumento na sua
população em cativeiro no Brasil, afirma Camile Lugarini, coordenadora do Plano
de Ação Nacional (PAN) para a Conservação da Ararinha-Azul.
"Nossa ideia é ter
indivíduos suficientes em cativeiro para efetuar a reintrodução em seu habitat
natural daqui a alguns anos”, avalia Camile. O animal, que é nativo do Brasil,
não é encontrado na natureza desde 2000 e atualmente só existe em cativeiro.
Há apenas 79 ararinhas-azuis no
no mundo, a maioria delas mantidas em criadouros fora do país, diz o ICMBio.
"Somente quatro ararinhas compõem atualmente a população reprodutiva no
Brasil", explica uma nota da instituição.
Fêmeas
As ararinhas-azuis que estão
sendo trazidas ao Brasil são fêmeas e estavam sob cuidados da organização alemã
ACTP (sigla em inglês para Associação para a Conservação das Araras Ameaçadas).
Elas vão chegar de avião, acondicionadas em caixotes especiais e com todas as
precauções necessárias, afirma o ICMBio.
A previsão é que as aves cheguem
ao país após as 19h30, para depois serem levadas a um local de quarentena
regulamentado pelo Ministério da Agricultura. "Durante a quarentena, as
ararinhas permanecerão em observação por um período que pode variar entre duas
a seis semanas, dependendo do seu comportamento", diz Camile.
Durante a quarentena, as aves
serão submetidas a exames para avaliar suas condições de saúde. "A viagem
é estressante, então pode baixar a imunidade [das ararinhas]", ressalta a
coordenadora do Plano de Ação Nacional, que é analista do ICMBio. A quarentena
é um procedimento padrão nestes casos, diz ela.
Após este período, as ararinhas
vão ser enviadas a um criadouro no estado de São Paulo, credenciado pelo
governo brasileiro. A ideia é que ali seja feita a reprodução com machos de
outras linhagens. "Temos quatro indivíduos dessa espécie no Brasil que
estavam em um zoológico e há quase um ano estão em um criadouro. Há mais um
animal em outro criadouro, que é ararinha a mais velha que se tem notícia, com
mais de 30 anos", relata Camile.
Das ararinhas em idade de
reprodução no Brasil, duas são machos e duas são fêmeas. A quinta tem 34 anos,
aproximadamente, e não está em condições de reprodução, afirma Camile.
A primeira experiência de
reintrodução das ararinhas na natureza, desde que haja condições (com o aumento
da população em cativeiro), está prevista para ocorrer até 2017, segundo o
ICMBio. A espécie é natural de uma área de caatinga no sertão da Bahia, mas não
é vista na região desde 2000.
Caso os esforços de reprodução
sejam bem-sucedidos, as ararinhas devem ser reintroduzidas em seu habitat. O
projeto é uma parceria entre o governo brasileiro, ONGs e organizações
privadas. As instituições vêm trabalhando para preparar o habitat, situado no
norte da Bahia, com projetos de recuperação ambiental e educação para as
comunidades do entorno.
A história de uma ararinha-azul
domesticada, encontrada nos EUA em 2002, inspirou o cineasta brasileiro Carlos
Saldanha a fazer o filme "Rio", grande sucesso de bilheteria nos
cinemas.
Além das duas ararinhas que estão
sendo trazidas ao Brasil, outras cinco aves desta espécie -- quatro que estão
na Espanha e um macho que está na Alemanha -- devem ser trazidas ao Brasil nos
próximos meses, informa a analista do ICMBio.
Fonte: Globo.com