O projeto “Teatro das Coisas Naturais e Fantasiosas do Brasil”, de autoria do artista Alexandre Casagrande, prevê instalações de arte urbana nas marginais dos rios Tietê e Pinheiros, em São Paulo, com desenhos de espécies de peixes, aves e animais que habitavam a região.
O objetivo é atrair o olhar e a
percepção das pessoas que trafegam diariamente pela região para lembrá-los de
que os rios já foram vivos, exuberantes e atraíam uma fauna diversa que
habitava as águas e as margens desses rios.
A intervenção será custeada com
recursos captados por meio do sistema de crowdfunding no site Catarse. Os
interessados podem contribuir, até o dia 24 de janeiro, com cotas de doação,
recebendo, dependendo da cota escolhida, menções nos créditos do projeto,
imagens e obras do artista, além de produtos da Fundação SOS Mata Atlântica,
que apoia a iniciativa através da Rede das Águas.
Para Malu Ribeiro, coordenadora
da Rede das Águas, a importância desse tipo de projeto é que ele sensibiliza as
pessoas. “Toda a história de mobilização pelo rio Tietê começou após o
surgimento de um jacaré dentro dele, em plena cidade. Vendo isto, a sociedade
começou a se mobilizar. Quem sabe essa intervenção não seja mais um símbolo
para uma mobilização da sociedade”, observa.
A participação da Fundação no
projeto “Teatro das Coisas Naturais e Fantasiosas do Brasil” dá início também
aos apoios e ações da ONG pelo Ano Internacional da Cooperação pela Água. A
data foi instituída pela a Organização das Nações Unidas para chamar a atenção
para a importância da preservação e do acesso à água potável e ao saneamento
básico no planeta.
Espécies incorporadas à paisagem
urbana
A série de desenhos “Species
Anonymous“ será a base da intervenção. Os desenhos foram inspirados nos
documentos artísticos produzidos em grande parte pelo artista holandês Albert
Eckhout, que integrou uma das principais expedições artísticas e científicas
sobre o Brasil no século XVII. Financiada pelo príncipe Mauricio de Nassau, a
missão tinha o dever de documentar as espécies animais e vegetais sob um olhar
não-fantasioso.
No projeto de Casagrande, os
desenhos gerados pela expedição trazem, no sentido inverso, o retorno do
fantasioso à paisagem urbana. As obras serão impressas a partir de fotos em
alta definição, em dimensões entre quatro e dez metros, e coladas em pontos específicos das vias que circundam os
rios Tietê e Pinheiros.
“A arte tem o compromisso de
atrair o olhar das pessoas que estão passando pelos rios. O rio está ali, mas
passa despercebido. As pessoas já se acostumaram com o seu cheiro e a sua falta
de vida, ou pelo menos se acomodaram. Portanto, quando enxergam esse tipo de
arte, vão entendendo que também está vendo essa degradação há muito tempo”,
destaca o artista.
Fonte: Ciclo Vivo