O asfalto parece ser a melhor solução do mundo quando se é
forçado a viajar por uma estrada de terra.
Mas Wilson Smith, estudante da Universidade do Kansas, nos
Estados Unidos, defende que nenhum dos dois é o ideal: nem o asfalto é a
solução para todas as estradas, e nem tampouco há que se resignar a viajar por
estradas poeirentas e esburacadas.
Por isso ele decidiu trabalhar com um material de origem
vegetal, na tentativa de criar uma alternativa que melhore as condições de
tráfego das estradas não pavimentadas.
Smith está trabalhando com a lignina, o material que dá
rigidez às células vegetais, para fazer um composto que possa dar rigidez à
terra solta e aos pedregulhos das estradas vicinais.
Bioasfalto
O que torna a lignina um material particularmente valioso
para essa aplicação é o seu comportamento adesivo quando é umedecida, com
capacidade para agregar os materiais do solo, gerando uma coesão e criando uma
espécie de "bioasfalto".
Isto torna a estrada de terra menos poeirenta, mais lisa e
com uma menor necessidade de manutenção, sobretudo no período das chuvas.
A lignina está presente em todas as plantas, sendo rejeito
de culturas comerciais, como no caso do bagaço da cana-de-açúcar, da palha de
milho e de outros resíduos da agricultura, assim como da indústria do papel, o
que a torna um material sustentável e renovável.
Depois de diversos experimentos, Smith selecionou cinco
diferentes concentrações de lignina no solo, que se mostraram mais promissoras
- 2%, 4%, 6% e 9% - e que agora estão sendo avaliadas na resistência da coesão
do solo e, portanto, da diminuição da erosão da estrada.
Testes de campo
Com os bons resultados dos testes iniciais, a coordenadora
do grupo, Dr.ª Dunja Peric, selecionou novos estudantes para avaliar o uso do
material em outras condições, o que inclui a secagem prévia e a aplicação
direta da lignina no solo.
"Nós queremos fazer uma análise exaustiva de como a
coesão varia quando você muda a concentração de lignina, a quantidade de água e
a compactação," disse Smith. "Isso vai determinar, em estudos de
campo, qual a porcentagem de lignina produz a maior estabilização do
solo."
O grupo programou uma apresentação dos resultados da sua
pesquisa para meados de Fevereiro, quando eles esperam fazer parcerias para os
testes de campo, o que não deverá ser difícil, já que o Kansas é um estado
agrícola, com quase dois terços das estradas sem pavimentação.
Fonte: Inovação Tecnológica