O consumidor que gerar energia e
fornecer seu excedente às concessionárias poderá ter o valor da conta de luz
reduzido, a partir desta semana. A possibilidade está prevista em resolução da
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) segundo a qual residências ou
empresas microgeradoras - com capacidade de até 100 quilowatts (kW) - ou
minigeradoras - até 1 megawatt (MW) - terão direito a compensação na conta
proporcional ao valor da energia repassada.
Para falar desse assunto, o
programa Revista Brasil, da Rádio Nacional entrevistou na última segunda (17) o
coordenador da campanha Clima e Energia, do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo.
Segundo ele, a Resolução 482/2012 é “um grande estímulo” e o “primeiro passo”
para o avanço da energia solar no Brasil.
“Em todos os países onde a
energia solar deslanchou, como Alemanha, Espanha e Japão, tudo começou com
algum tipo de incentivo. No Brasil, há uma adaptação disso [que já foi feito
por lá]. Todo mundo poderá gerar energia limpa em casa e economizar na conta de
luz”, disse Baitelo. Ele explica que a concessionária terá, no máximo, de 80 a
100 dias – após manifestação de interesse, pelo consumidor, em gerar energia –
para viabilizar o negócio.
“O Brasil tem um enorme potencial
para ter esse tipo e geração. Temos uma série de vantagens que os outros países
não têm. Alemanha e Espanha tiveram de colocar tarifas promocionais para
estimular as pessoas a instalarem equipamentos. Aqui no Brasil, a gente tem sol
o ano inteiro. Se observarmos a variação de radiação solar entre inverno e
verão, ela é mais viável e, mesmo custando mais caro, vale a pena”, disse o
coordenador do Greenpeace.
“Durante o dia, as pessoas saem
de casa e, com o sol brilhando, estariam gerando energia [ainda que sem
utilizá-la]. À noite, quando o sol se põe, não havendo baterias [para
armazenamento da energia] neste sistema [com painéis solares], se poderia puxar
de volta a energia que foi disponibilizada à concessionária. Seria uma troca de
favores constante [entre consumidor e concessionárias]”, acrescentou.
As concessionárias pediram, em
meio às negociações com a Aneel, um pequeno requisito técnico para integrar os
minigeradores ao sistema. “Você declara interesse, ela [a concessionária] se
certifica de que o sistema atende aos critérios de segurança, até para evitar
possibilidades de acidentes quando um técnico dela fizer visitas de manutenção.
As concessionárias vão ajudar, inclusive, a adquirir equipamentos paralelos
também, como medidor de energia adicional, para detectar fluxo de energia da
casa até a concessionária”.
Baitelo informou que o custo
desse tipo de equipamento está caindo vertiginosamente, mas admite que
permanece caro para os padrões brasileiros. “No Brasil ainda é um pouco caro,
com os custos variando, inclusive, em função da região ou estado e dos valores
das tarifas”, ponderou. Mais informações sobre o assunto poderão ser obtidas no
site da Aneel.
Fonte: Ciclo Vivo