No dia 29 de março de 2013, a Arena Fonte Nova será oficialmente entregue à sociedade baiana. O público terá acesso a um estádio que promete se orgulhar de ter nascido de si próprio. Baseada em uma fórmula de sustentabilidade, a arena baiana trabalha com a lógica de fonte renovável desde os seus primeiros passos, quando o concreto do antigo estádio foi reutilizado na construção da nova praça esportiva. Na reta final das obras, a Arena apresenta mais uma inovação renovável. A cobertura do estádio, em processo de montagem, terá um esquema de captação de água da chuva para utilização em sua estrutura sanitária e irrigação do gramado.
A capacidade total de
armazenamento de água da chuva no projeto da Arena Fonte Nova é de 698.060
litros. Anualmente, serão captados 37 mil m³ de água pluvial com este sistema,
o que representará uma economia de 72% em épocas de chuva e 24% em períodos de
estiagem.
A preocupação com escassez de
água e a elevação dos custos de energia não-renovável criou uma atitude
responsável quanto ao impacto ambiental e a sustentabilidade. O ramo imobiliário
adotou a causa e as novas edificações passaram a contar com um sistema de reuso
de água. O diretor de Águas Urbanas da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da
Bahia, Raimundo Freitas, destaca a importância de um sistema de reutilização de
água da chuva.
- Estamos vivendo um momento
importante nesse pensamento sobre o uso que fazemos da água. Em particular, da
água tratada. No modo geral, o desperdício de água é muito grande. Gastamos água tratada para lavar a calçada, a
área de serviço, o quintal e tudo mais. Enquanto isso, temos água em abundância
no período das chuvas. Uma água que poderia ser armazenada de forma simples e
barata. E esse aproveitamento gera uma situação na qual o valor da água é
reduzido, e a natureza agradece. Com o reuso dessa água, evitamos o desperdício
de água tratada e ainda contribuímos para a drenagem das estruturas.
Atualmente, temos estruturas muito comprometidas com a falta de
impermeabilidade. Esse armazenamento ainda contribui para isso. Acho louvável
ter esse recurso na Arena Fonte Nova. Isso vai representar uma economia muito
grande para o estado, para o empreendedor e principalmente para a natureza.
Atitudes como essa, do reuso da água, precisam se tornar práticas naturais dos
projetistas. É uma questão de meio ambiente. Ou acordamos agora ou quando
acordarmos será muito tarde – disse Freitas.
Da britagem a vagas 'limpas': uma Arena Ambiental
A obra da Arena Fonte Nova foi
iniciada em 2010 com a demolição do antigo estádio. Desde então, ações de
sustentabilidade ambiental se sucederam no projeto. O primeiro feito foi a
reutilização de 100% do material proveniente da demolição do antigo estádio. No
total, foram gerados aproximadamente 77,5 mil toneladas de materiais. Todo o
aço proveniente da estrutura demolida (1.135 toneladas) foi encaminhado a
indústrias siderúrgicas para reaproveitamento. Além disso, 90% do material
resultante da britagem do concreto foi reaproveitado na própria obra e o
restante destinado a outras obras da Região Metropolitana de Salvador.
Ainda durante as obras, outras
pequenas mas não menos importantes ações de sustentabilidade foram feitas.
Uniformes descartados pelos operários da obra foram doados para o Projeto Axé,
organização não governamental, que vem reutilizando os fardamentos para a
confecção de aventais, bolsas, jogos americanos, ecobags e etc.
Depois de pronta, a Arena terá
outras ações voltadas para a sustentabilidade. Além do recolhimento de água da
chuva, a cobertura do estádio terá um tipo de estrutura que reduz o consumo de
aço entre 30% e 40%.
O estádio não fará uso da energia
solar para a iluminação, mas vai utilizar o método para o aquecimento de água.
Ainda assim, o consórcio que administra o estádio afirma que haverá uma
otimização do consumo de energia elétrica em comparação a uma instalação padrão
industrial. Serão utilizadas apenas lâmpadas do tipo T-5 de 25W, com maior
eficiência e durabilidade, o que resultará numa economia de 35% de energia.
Além disso, a Arena terá reatores eletrônicos, em vez de reatores eletromagnéticos.
Com isso, a redução total de energia será de aproximadamente 32,5%. Os
projetores da iluminação do campo também têm eficiência energética de ponta.
O estádio ainda terá vagas
preferenciais para veículos com baixa emissão de CO2, como veículos do tipo
“flex”, que funcionam a etanol e um sistema de refrigeração ambientalmente
favorável, com a eliminação dos fluidos que agridem a camada de ozônio.
Pituaçu: o primo rico de energia
Em abril de 2012, o estádio
Roberto Santos, o Pituaçu, tornou-se o primeiro da América Latina a funcionar
com energia solar. O sistema, conhecido como ‘Pituaçu Solar’, tem energia
gerada e interligada à rede de distribuição, cuja produção é equivalente a 630MWh
ao ano, capaz de abastecer 525 residências. As 3,2 mil placas de silício
utilizadas na captação da energia podem produzir 630 megawatts-hora. E, como o
consumo médio do estádio é menor, o excedente é destinado ao sistema elétrico
que abastece Salvador.
O projeto custou mais de R$ 5,5
milhões, dos quais R$ 3,8 milhões aplicados pela Coelba, empresa que administra
o setor elétrico na Bahia, e R$ 1,75 milhão pelo governo estadual. Com a
utilização da energia solar, o governo diz economizar cerca de R$120 mil/ano,
além de fomentar o uso de novas tecnologias sustentáveis.
Fonte: Globo.com