Fundado na década de 80, o Instituto de Pesquisas Cananeia (IPeC) é responsável por realizar os programas de preservação ambiental em um dos maiores estuários do litoral brasileiro. O Instituto se destaca por meio do Projeto Boto Cinza, premiado pela Petrobras no ano passado.
A ONG é formada por pesquisadores voluntários que estudam o
ecossistema do Estuário Lagamar, uma baía localizada entre o litoral paulista e
paranaense, que se estende desde a cidade de Iguape até Paranaguá.
Desde 1981, o IPeC desenvolve importantes programas de
preservação ao equilíbrio ecológico da área: o principal deles é o Projeto Boto
Cinza, criado com o objetivo de proteger os golfinhos do Estuário, que, embora
não sejam ameaçados por predadores naturais, sofrem com a ação do homem, que
polui as zonas costeiras onde habitam os botos.
As ações de preservação, no entanto, não abrangem apenas os
trabalhos dos pesquisadores do IPeC com os cetáceos: a equipe também desenvolve
diversas atividades de educação ambiental para crianças e adolescentes nas
comunidades do Estuário Lagamar. “Toda semana, promovemos atividades com os
alunos das escolas de Cananeia. A cada seis meses, realizamos o Cruzeiro
EducArte, que leva as ações do grupo às crianças e aos adolescentes das
comunidades mais afastadas”, explica Lisa Oliveira, bióloga e pesquisadora do
IPeC.
O Cruzeiro EducArte é uma iniciativa coordenada pelos
voluntários do IPeC, que buscam crianças e adolescentes nas comunidades
isoladas do Lagamar e realizam atividades educativas de conscientização
ambiental. O trabalho da equipe é apresentado aos habitantes da região, que
passam a acompanhar, de perto, as ações de preservação.
Entretanto, nem todas as comunidades estão abertas a receber
o IPeC. “Precisamos avaliar as condições de cada localidade. As tribos
indígenas, por exemplo, costumam ser bem fechadas. Além disso, existem outros
pontos distantes, em que não há estrutura mínima para receber o cruzeiro”,
completa Lisa.
Na região central de Cananeia, as visitas nas escolas
acontecem uma vez por semana. Durante as ações, os voluntários organizam
dinâmicas e atividades lúdicas para os alunos. “Ensinamos como melhorar as
nossas atitudes para preservarmos o meio ambiente, e as crianças passam a
praticar essas ações no dia-a-dia”, diz Daniela Godoy, pesquisadora do IPeC.
Além da equipe de biólogos, o IPeC também conta com o time
de Jovens Pesquisadores, adolescentes que participam dos estudos sobre o
Lagamar. Eles são selecionados nas escolas, e, a partir daí, passam a
acompanhar as atividades do Instituto, que mantém mais quatro linhas de
pesquisa além do Projeto Boto Cinza – uma voltada para as aves, outra para
carnívoros, outra para tartarugas e a última sobre resgate de mamíferos
marinhos.
Para se tornar um membro do Instituto, o voluntário deve se
associar à ONG. Com isso, ele terá o apoio necessário para realizar estudos
sobre os complexos ecossistemas do Lagamar e contribuir diretamente com as
ações de desenvolvimento sustentável da região.
Fonte: Ciclo Vivo