Para criar uma casa com um clima
aconchegante sem gasto de energia, a equipe multidisciplinar do SuperLimão
Studio, de São Paulo, recorreu a uma ideia dos ares e executou com materiais
usados nos mares. O grupo, formado por profissionais de desenho industrial,
arquitetura, engenharia e turismo, começou a pensar no protótipo do projeto
para uma casa localizada próxima ao aeroporto de Congonhas, na capital
paulista.
A passagem dos aviões, durante
uma das visitas ao local, foi a inspiração para criarem o conceito da asa. “A
asa possui um formato aerodinâmico. Utilizamos esta característica para
conseguir direcionar o vento para dentro da edificação em períodos quentes e
desviar para fora durante períodos frios”, explica Lula Gouveia, um dos sócios
do SuperLimão.
O projeto propõe uma forma
simples e passiva para controlar a iluminação e ventilação, o que é feito
normalmente por lâmpadas e ar condicionado. “A cidade de São Paulo apresenta
uma das maiores variações climáticas do Brasil, de forma que seria impossível
projetarmos uma situação que se comportaria de forma ótima tanto no verão
quanto no inverno. Esta variação ocorre inclusive durante o período de um dia.
Tendo isto como referência, queríamos que a casa conseguisse mudar de forma
rápida e eficiente”.
Tecnologia de barcos
Para executar o sistema com
eficiência, o grupo pesquisou e recorreu a uma estrutura leve e resistente.
“Fizemos uma parceria com um estaleiro de lanchas de corrida. Eles fabricam o
casco das lanchas com fibra de vidro e kevlar (usado também em coletes a prova
de balas), materiais de ponta que normalmente não são usados na indústria
civil. Todas as engrenagens do mecanismo são normalmente utilizadas em veleiros
ou foram desenhadas por nós e executadas em um torneiro especialista em peças
deste tipo”, diz Gouveia.
A asa é a parte principal do
sistema, que pode ser complementado por uma escotilha (um tipo de janela que se
utiliza em barcos) que cria uma saída de ar. “Sem ela não conseguiríamos ter
uma ventilação cruzada que nos permite a troca de calor de forma muito
eficiente”. As telhas usadas na construção do protótipo são de Tetrapak
reciclado, os mecanismos de abertura são polias de barcos e também existe a
opção de captação de energia solar com uma placa fotovoltaica.
Em relação aos custos, Lula
explica que entre ferragens, frete e instalação o sistema fica em torno de R$
10.000. “Muito abaixo do custo de iluminação, ar condicionado e cobertura que
utilizaríamos em uma solução convencional”, conclui. “E pode ser aplicado em
larga escala. Podemos dizer que o sistema é, na verdade, um brise gigante”. O
protótipo está em uma casa em São Paulo, mas já foi utilizada de forma
diferente em outros projetos. “Vale lembrar que esta solução depende de fatores
locais como posicionamento em relação ao Sol e velocidade e constância dos
ventos”.
Fonte: Superinteressante

