Soluções ecológicas e simples têm potencial de mudar a vida
de milhares de pessoas que vivem em regiões pobres de países em desenvolvimento.
Quiosque solar
ilumina a África
Imagine um lugar onde o pôr do sol significa a escuridão
total e quem quiser um pouco de luz para estudar ou trabalhar durante a noite
precisa recorrer a lampiões de querosene, cuja fumaça é extremamente
prejudicial à saúde. Pelo menos 1,5 bilhão de pessoas no mundo vivem nessa
condição de isolamento energético, sem acesso à rede elétrica. Mas uma nova
invenção pode mudar isso. É o SolarKiosK, um quiosque movido a energia solar,
ou como chamam seus criadores, a empresa alemã SolarKiosk GmbH, uma “unidade de
negócios autônoma”. O primeiro exemplar começou a operar em julho num vilarejo
da Etiópia, um dos países mais pobres do mundo.
O quiosque vende de tudo: alimentos, pilhas, lanternas,
bebidas, medicamentos, cartões para celular, entre outros produtos típicos de
um posto comercial convencional. Seu diferencial, no entanto, reside da oferta
de energia, limpa e renovável, produzida pelos paineis solares no teto. O
sistema fornece eletricidade para uma geladeira que funciona como frigorífico
comunitário e também para recarga de aparelhos celulares ou computadores.
Dependendo das condições do local, dá até para oferecer TV, internet e música.
O próximo passo é expandir o projeto para as regiões mais remotas de toda a
África, onde 800 milhões de pessoas não têm acesso à energia. Para isso, a
empresa busca apoio de investidores e Ongs.
Bola transforma
chutes em energia
Em muitos países africanos, boa parte da população não tem
acesso à eletricidade e acaba recorrendo às lâmpadas de querosene, um perigo
para saúde. Segundo o Banco Mundial, inalar a fumaça emitida por essas lâmpadas
é equivalente a fumar cerca de dois maços de cigarros por dia. Pensando em
melhorar a vida dessas comunidades carentes, quatro estudantes da Universidade
de Harvard, nos Estados Unidos, desenvolveram um projeto que usa o popular
futebol para reduzir a exposição da população ao perigo.
Eles criaram a sOccket, uma bola que tem a capacidade de
gerar energia a partir dos chutes dos jogadores. A energia armazenada pode ser
então usada posteriormente em luminárias e lâmpadas LED de baixa tensão, ou
para recarregar telefones celulares. Durante quinze minutos de jogo, a bola,
que é um pouco mais pesada do que o normal (tem cerca de meio quilo) gera
acumula energia suficiente para manter acesa uma lâmpada de LED por três horas.
Dessa forma, as comunidades podem gerar sua própria eletricidade brincando.
Giradora: a máquina
de lavar que dispensa energia
Projetada com apenas 40 dólares (cerca de 80 reais), a
Giradora é uma máquina de lavar que dispensa energia elétrica e ainda poupa
água. Semelhante a um cesto de roupas, ela é acionada por um pedal, e necessita
apenas de um terço da água usada por aparelhos convencionais. Ela foi
idealizada pelos designers Alex Cabunoc e Ji A You, que bolaram a solução
depois de visitarem regiões negligenciadas pelo poder público e constatarem que
os moradores perdiam de 3 a 5 horas lavando roupa na mão.
O funcionamento é bem simples: basta colocar as roupas sujas
no interior, sentar sobre o aparelho que tem um tampa acolchoada, e bombear com
o pé o pedal localizada na base. Quanto mais se pedala, maior a velocidade de
giro e melhor o resultado final da limpeza. Além de ser econômica e ecológica,
a Giradora é também mais saudável que a prática arcaica, de passar horas
inclinado sobre uma pia, evitando assim efeitos colaterais indesejados como
dores nas costas e lesões no punho.
Uma bicicleta de
papelão de apenas 9 dólares
Embora pareça impossível, o israelense Giora Kariv mostrou
que dá para construir quase qualquer coisa com papelão reciclado. Com uma
bagatela de apenas 9 dólares, ele criou uma bicicleta a partir das embalagens
descartadas pelo comércio. Ele acredita que sua bike ecológica pode melhorar a
vida de comunidades pobres porque, além de estimular a reciclagem, ela é forte,
durável e, principalmente, barata.
Mais do que uma boa dose de criatividade, o israelense
precisou foi mesmo de uma enorme determinação.
“Não havia conhecimento no mercado sobre como trabalhar com
papelão além da confecção de embalagens. Então, fui testando métodos
diferentes. Basicamente, uso a mesma técnica de dobraduras de origamis
japoneses”, explica. Kariv trabalhou duro e dobrou muito papelão para chegar ao
protótipo ideal, que combina o design tradicional de uma bike e a resistência –
ela tem capacidade de suportar o peso de uma pessoa de até 140 quilos. O
resultado impressiona: uma vez pronta, não dá nem para acreditar que é feita de
papelão.
Bolsa purifica água
usando raios solares
O acesso universal à água potável, um direito fundamental de
todos, ainda está longe de ser realidade. Segundo estudo da Onu, 97 em cada 100
pessoas que moram áreas rurais de países menos desenvolvidos não contam com
água canalizada, enquanto 15% da população bebe água diretamente de rios e
lagoas. Pensando em revolucionar a rotina destas famílias, os designers
norte-americanos Ryan Lynch e Marcus Triest criaram uma bolsa que funciona como
recipiente para transporte de água e também como purificador.
A “Solar Bag”, como foi chamada, usa duas camadas de
polietileno – uma transparente e outra preta no fundo – para maximizar o
aproveitamento de raios ultravioletas do sol, responsáveis pela descontaminação
da água. De acordo com os designers, ela é capaz de purificar 2,5 litros de
água no período de seis horas, tempo que muita gente na África subsaariana leva
caminhando quilômetros sob o sol ardente até uma fonte de água disponível. No
fundo da bolsa, há ainda um tubo que facilita a retirada da água limpa. Outro
benefício é o baixo custo da Solar Bag, de até 5 dólares, dependendo da escala
de produção.
Fonte: Exame