As Forças Armadas norte-americanas realizaram na última
semana de julho o primeiro teste com um porta-aviões e 71 aeronaves abastecidas
com óleo de cozinha e algas (misturadas ao combustível convencional), durante
uma simulação de operação militar.
O USS Nimitiz é o primeiro navio da "grande frota
verde", pacote de metas americanas para cortar o uso de petróleo por
equipamentos militares até 2020 - o exército é o maior consumidor de
combustíveis do país e gasta quatro vezes mais energia do que os demais órgãos
governamentais somados.
Além do apelo ambiental das mudanças climáticas, o exercício
também busca minimizar a dependência de óleo importado de nações estrangeiras.
A iniciativa causou polêmica pelo alto custo (até quatro vezes maior que o
combustível normal), mas pode até mudar radicalmente a política externa
americana.
O USS Nimitiz se desloca pelo Oceano Pacífico até agosto
movido a algas e diesel comum. Já os helicópteros, jatos e naves de apoio
adotam o bioquerosene, com óleo de cozinha usado. Os combustíveis são drop-in,
ou seja, mesclam biomassa ao combustível e dispensam adaptações em motores e
estruturas de abastecimento.
"Estamos empenhados em achar alternativas ao petróleo
estrangeiro. Acreditamos que é fundamental para a segurança nacional e nossa capacidade
de combate", afirmou Ray Mobus, secretário da Marinha americana, ao jornal
britânico The Guardian. As importações de óleo estrangeiro registram queda
desde 2005, segundo dados da Agência Governamental de Informações sobre
Energia.
Ex-ministro das Relações Exteriores (1995-2001) e professor
da ESPM, Luiz Felipe Lampreia avaliou, em entrevista à Isto É, que a
vulnerabilidade energética influencia as decisões da potência militar e foi
determinante nas disputas após a Segunda Guerra Mundial. Mas descarta a
substituição total do petróleo ainda que as barreiras aos biocombustíveis
fossem levantadas. "Não haveria condição de produzir tanto nem se
plantasse cana-de-açúcar em toda a Amazônia", acredita.
Projetos no Brasil
Existem projetos para práticas sustentáveis na aviação
brasileira. Além de experimentos com bioquerosene, a Aeronáutica desenvolve um
inédito motor flex para aviões, turbina exclusiva para etanol e ainda uma opção
impulsionada por oxigênio líquido.
Conforme o EcoD noticiou em março, o país terá um centro de
pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis para aviação comercial, que
deverá ser construído a partir de 2013 em São Paulo, por meio de uma parceria
entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Boeing e
Embraer.
Fonte: Ecodesenvolvimento