Ecoeficiência. Este é um conceito que ainda sofre
resistência entre as empresas que atuam no segmento logístico, ressalta
Washington Soares, vice-presidente da Câmara Brasileira de Contêineres,
Transporte Ferroviário e Multimodal (CBC) e pesquisador de políticas
sustentáveis e modais ecoeficientes. "Uma das maiores dificuldades é
convencer os shareholders (acionistas) sobre a necessidade de uma mudança
organizacional radical em direção ao desenvolvimento sustentável. O trabalho é
árduo porque se inicia no topo da pirâmide, que deve instituir o aspecto
ambiental no comportamento organizacional da corporação", ressalta.
Ele cita a cultura "Lean Manufacturing" como
modelo a ser seguido pelas empresas, pois proporciona um mapeamento do caminho
crítico do processo, detectando os aspectos que podem ser aperfeiçoados do
ponto de vista da ecoeficiência. Na Itri
Rodoferrovia, empresa em que Soares é diretor, há um case de gestão com esta
característica. A utilização do modal ferroviário vem sendo o responsável por
uma mudança sustentável no transporte de cargas: "A operação de 132 vagões
no Porto de Santos, de segunda a sábado, retira do tráfego diário 132 caminhões
com contêineres de 40 Teus ou 264 caminhões com contêineres de 20 Teus".
A medida tem um impacto positivo ao diminuir a emissão de
CO2 no ar em um ambiente com o tráfego extremamente intenso como o cais
santista, por onde circulam, segundo a Codesp (Companhia Docas do Estado de São
Paulo), de 8 a 10 mil veículos por dia. A projeção é de que aproximadamente 7
mil quilos de dióxido de carbono são emitidos por quilômetro rodado no
complexo, um dado ambientalmente preocupante.
O tema ecoeficiência está, também, na agenda do mercado
internacional. Conferências como a Rio+20 e a POMS (Production and Operations
Management Society) 2012, realizada em Chicago (USA) e cujo o tema foi
Operações Sustentáveis, são exemplos disso. "Apresentamos, neste encontro
um trabalho que versa sobre a importância de estratégias de controle do
processo de transporte em termos de tempo. O objetivo do artigo é demonstrar as
formas de se aplicar controle na ferrovia, para gestão da ecoeficiência,
sobretudo, no estudo de caso da realidade brasileira com foco na burocracia do
ambiente portuário. Abordamos as inovações organizacionais com base na cultura
'Lean Manufacturing'", afirma.
Inovações - Washington Soares destaca que, além de uma
mudança no comportamento organizacional das empresas, é fundamental a
realização de ações conjuntas entre todos os agentes intervenientes da cadeia
de atividade logística multimodal. "Este conceito pode facilitar a
acessibilidade do porto e reduzir emissões de CO2. Entretanto, depende de
inovações tecnológicas cujo conceito de Modal Shift (troca modal) será importante
para fomentar a produtividade com soluções técnicas aos entraves portuários. A
partir da escolha do modal, é possível optar por processos mais ecoeficientes.
Isso tem que ser pensado em conjunto", explica.
A influência dessa opção sustentável pela ferrovia pode ser
estender a diminuição do custo do transporte. Depende, no entanto, da
regularidade do operador em utilizar o modal, ressalta Soares. "Em custo de transporte não existe
ganhos, custo é custo, porém, é possível aumentar a eficiência da operação e
produtividade para viabilizar garantias entre o usuário e o concessionário.
Para esta finalidade são necessários contratos de risco com metas específicas
para reduzir custos com economia de escala, para se obter a vantagem
competitiva por meio do serviço shuttle (trens expressos diários) de
contêineres".
Fonte: Planeta Sustentável