quinta-feira, 14 de junho de 2012

Contêineres de coleta seletiva causam surpresa

CRISTIANE BOMFIM

Surpresa e desconfiança são as reações de quem encontra na rua enormes contêineres de plástico verde que estão sendo instalados pela Prefeitura para a coleta de lixo reciclável. Os Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) passaram a ser colocados nas calçadas paulistanas no mês passado, sem qualquer campanha educativa ou informativa, daí o espanto de quem encontra o equipamento de 1,80 metro no meio do caminho.




Até o fim do ano, serão 1.500 deles, cada um com capacidade para 2.500 litros. Os primeiros foram colocados em ecopontos e alguns prédios públicos – como CEUs – em janeiro, mas só em maio passaram a ser instalados nas calçadas de bairros residenciais. Na Rua São Serapião, em frente à Estação Patriarca do Metrô, zona leste, foram instalados dois no sábado.
“Foi no fim da tarde. Colocaram as caixas e foram embora. Demorou um pouco para eu entender o que era”, diz a atendente de pastelaria Marizete Cruz, de 38 anos. Taxistas e pedestres que andam por ali ainda estranham os dois contêineres que até ontem estavam vazios. Eles param, olham, andam em volta com um certo ar de desconfiança e vão embora.
“Não acredito que isso vá funcionar. É bom só para quem mora em frente deles. As pessoas não vão ficar carregando lixo para despejar nessas caixas. Ainda mais sem saber para que é. No começo eu achei que era um banheiro químico”, disse o taxista César Machado, de 44 anos. Os PEVs estão em frente ao ponto de táxi em que ele trabalha.
Segundo a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), os PEVs estão sendo instalados pelas empresas Soma e Inova, responsáveis pela limpeza urbana da cidade. Cada uma terá 750 unidades. Os endereços serão “locais com grande fluxo e de fácil acesso ao público”, que não atrapalhem a circulação de pedestres e que permitam a manobra de caminhões para fazer a retirada do material depositado. No total, foram instalados até agora 575.
Todo o material será recolhido pelas duas empresas sempre que os contêineres estiverem cheios e levados para 20 centrais de triagem de recicláveis espalhadas pela cidade. A Soma informou que instalou o primeiro PEV em uma calçada no dia 11 de maio, no Parque Jacuí, zona leste. Até ontem o contêiner não estava cheio, segundo a empresa.
Para a coordenadora do Fórum Lixo e Cidadania do Estado de São Paulo e integrante da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes), Delaine Romano, a iniciativa é importante mas não funciona sem educação ambiental. “A população precisa ser informada”, afirma.
Pós-doutorado em resíduos sólidos pela Unicamp e autor de 15 livros sobre o assunto, Maurício Waldman lembra que é preciso saber se as centrais de triagem vão dar conta do material recebido. “A coleta seletiva de lixo na cidade está estagnada há anos. Não cresce. As pessoas só colaboram quando todo o sistema está organizado e quando sabem para onde vai o lixo. Sem campanha, sem organização não adianta colocar os PEVs na cidade”, diz.
Fonte: Jornal da Tarde

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