O Estádio Nacional Mané Garrincha pode ser o primeiro do
mundo a ter a certificação máxima de edificações sustentáveis
Foto: Elza Fiúza/ABr
O mercado brasileiro busca mais um degrau no ranking mundial
de construções sustentáveis. Hoje, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os
países que mais concentram edificações feitas a partir de critérios
ambientalmente adequados. Os Estados Unidos reúnem o maior número de
empreendimentos em análise, seguidos pela China e pelos Emirados Árabes Unidos.
Mais de 720 projetos brasileiros aguardavam a certificação
internacional, conferida pela organização não governamental internacional
chamada Green Building Council (GBC), responsável por estimular as construções
verdes no mundo. Pelo menos 99 edificações no país detêm o selo. A expectativa
do governo e da indústria de construção é chegar a 900 projetos para análise da
organização até o final de 2013.
Caso consiga atingir a meta, o Brasil ocupará a terceira
posição na lista dos países com mais edificações ambientalmente projetadas. A
construção civil é responsável por alto consumo de recursos naturais e utiliza
energia em larga escala, de acordo com números do Conselho Internacional da
Construção. Mais de 50% dos resíduos sólidos gerados por atividades humanas são
oriundos do setor.
"O conceito de construção sustentável está amadurecendo
e se consolidando dentro da cadeia produtiva da construção civil”, avaliou à
Agência Brasil Wagner Soares, gerente de meio ambiente da Federação das
Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Para alcançar esse status, engenheiros e arquitetos precisam
observar uma série de pré-requisitos e medidas, como a redução do consumo de
energia e a prioridade às condições de luminosidade natural e de lâmpadas de
baixo consumo, além do uso de aparelhos eletrodomésticos mais econômicos
(indicados pelo selo Procel).
Sustentabilidade e custo
“A reforma ainda é um tanto complicada e o custo ainda não é
muito baixo. Você tem um aumento de 15%, em média, do custo da construção
quando trabalha com sustentabilidade e isso coloca em risco o valor do
investimento”, destacou Soares. Pelas contas do GBC Brasil, esse gasto, que já
foi 30% superior ao de obras convencionais, pode significar uma diferença de
até 5%.
Eldorado Business Tower, referência de sustentabilidade na
construção em São Paulo
Foto: smartcontrolbsb
Wagner Soares destacou que existe uma tendência de
diminuição dos gastos ao longo do tempo. A expectativa é que as pessoas adotem,
cada vez mais, sistemas ambientalmente sustentáveis. Soares ponderou que o
maior investimento ainda impede que esses projetos representem uma realidade
frequente no país.
Selo Platinum
O Estádio Nacional Mané Garrincha, que sediará jogos da Copa
das Confederações e da Copa do Mundo, pode ser o primeiro do mundo a ter a
certificação máxima de edificações sustentáveis. O selo Platinum depende apenas
da avaliação de técnicos do GBC.
Os custos para construções sustentáveis já foram até 30%
mais alto do que o das obras comuns. Hoje, gasta-se apenas 5% a mais com
equipamentos e técnicas sustentáveis.
A expectativa é que a aprovação do selo seja divulgada até o
final de 2013, projetou Marcos Casado, diretor técnico e educacional do GBC no
Brasil. Ele destacou que os demais estádios cumprem requisitos para o selo
Básico ou selo Ouro. Assim que a obra do Mané Garrincha estiver totalmente
concluída e a documentação de auditoria for entregue, a certificação poderá ser
feita entre quatro e seis meses.
Iniciativas do governo
O governo federal, por sua vez, desenvolve ações para
estimular programas ambientalmente sustentáveis. O Ministério do Meio Ambiente
disponibiliza cursos pela internet sobre procedimentos que podem ser adotados
para adequar prédios públicos a esses sistemas de sustentabilidade.
O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida começou há
dois anos com a obrigatoriedade do uso de energia solar em todos os novos
empreendimentos destinados às famílias com renda máxima de três salários
mínimos. A etapa incluiu 2 milhões de residências, das quais 1,2 milhão para
famílias com renda máxima de três salários mínimos.
Técnicos do governo informaram que existem diversas linhas
de financiamento para beneficiar esses projetos. Procuradas pela Agência
Brasil, as principais instituições financeiras públicas (Banco do Brasil e
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) não apontaram qualquer
crédito criado especificamente para essa finalidade. Os projetos podem ser
beneficiados por linhas de crédito que já existiam. A Caixa Econômica Federal
não deu informações sobre o assunto.
Fonte: EcoDesenvolvimento