Segundo um estudo realizado pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), é possível transformar alguns resíduos
industriais em alimentos. Cerveja e suco de maracujá podem ser aproveitados
para produzir cereais e salgadinhos.
O projeto, com apoio da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), mostra que
o aproveitamento de resíduos industriais pode contribuir para a produção de
alimentos de qualidade e mais baratos.
A pesquisa aproveita resíduos da produção sucroalcooleira,
cerveja e suco de maracujá, (provenientes das matérias-primas vegetais
cana-de-açúcar, cevada e maracujá, respectivamente), por meio de uma tecnologia
chamada extrusão termoplástica.
"A extrusão termoplástica é uma tecnologia de processo que utiliza uma
máquina de tratamento térmico. É uma combinação de calor, umidade e processo
mecânico em que se colocam os resíduos. Com isso, você tem a alteração das
matérias primas, dando-lhe novas formas, estruturas e características
nutricionais", explica o coordenador do estudo, o engenheiro agrônomo
Carlos Wanderlei Piler de Carvalho.
Carvalho diz que nessa máquina é colocada uma farinha de
arroz, preparada separadamente, juntamente com o bagaço de cana-de-açúcar, da
cevada ou a casca do maracujá, que são submetidos a altas temperaturas na hora
do cozimento. Diante dessa pressão, os resíduos são moldados em forma de
salgadinho, do mesmo tipo que se vendem em mercados, e cereais matinais, que
são aproveitados como fontes de nutrientes, em especial fibras e minerais, e
utilizados na elaboração de diversos alimentos, como farinha e amido de milho.
De acordo com o coordenador, o aproveitamento desses
produtos com maior teor de fibra que os produtos tradicionais, tem sido cada
vez mais levado em consideração pela sociedade. "Está havendo maior
distribuição desses alimentos por um custo menor. Estamos com a intenção de
aumentar o valor agregado para quem vende os produtos e dar uma alternativa de
uso desse coproduto. É preciso investir cada vez mais em pesquisa para que
esses estudos possam ser viabilizados”, diz.
Segundo Carvalho, o projeto envolve parcerias com alunos de
doutorado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Estadual do Norte Fluminense
(UENF). A Embrapa informou que está na fase final de construção de um
laboratório previsto para fevereiro de 2013, em Guaratiba, zona oeste do Rio,
que irá reunir pesquisadores e técnicos para trabalhar exclusivamente com
coprodutos do setor agrícola e com produção na agroindústria.
Fonte: Ciclo Vivo