Um pesquisador do Instituto Butantan, sediado em São Paulo, descobriu nove espécies novas de aranhas caranguejeiras brasileiras, naturais de vegetações de Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. O estudo com a descrição dos animais foi publicado na última semana no periódico "ZooKeys".
As espécies, pertencentes a três
gêneros distintos, são Typhochlaena amma, Typhochlaena costae, Typhochlaena
curumim, Typhochlaena paschoali, Pachistopelma bromelicola, Iridopelma katiae,
Iridopelma marcoi, Iridopelma oliveirai e Iridopelma vanini.
As caranguejeiras são encontradas
em áreas do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste brasileiros, segundo o aracnólogo
Rogério Bertani, pesquisador do Butantan e responsável pelo achado. Ele
ressalta que os animais têm hábitos arborícolas, isto é, vivem em árvores e
plantas.
Algumas espécies são bem
pequenas. "Dá para dizer que são as menores [caranguejeiras] arborícolas
do mundo", disse Bertani. Um dos três gêneros tem características antigas,
o que torna algumas das aranhas "quase relíquias", na visão do
cientista. "São remanescentes. É como algo que sobreviveu ao tempo."
Duas das novas espécies vivem
dentro de bromélias, comportamento raro em aracnídeos deste tipo, informa o
pesquisador. Como as espécies são coloridas e chamativas, ele teme pelo impacto
do tráfico de animais.
Apesar de não haver pesquisas que
mostrem que as espécies estão ameaçadas, algumas delas são raras e podem correr
risco de desaparecer, segundo o cientista. Ele aponta fatores que reforçam o
risco, como a dependência de vegetação, já que as aranhas são arborícolas; a
destruição dos habitats naturais, que sofrem há anos com o desmatamento; e o
fato de os animais viverem em áreas específicas, com distribuição limitada pelo
território brasileiro.
Para Bertani, a descoberta das
novas espécies é importante para mostrar que existe uma grande fauna na Mata
Atlântica e no Cerrado, que precisa ser melhor estudada por ser pouco
conhecida.
Fonte: Globo.com